Pra educar um SER sustentável

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A questão da sustentabilidade para alguns pode parecer algo atual, mas desde a década de 60 que questões e alertas estão sendo lançados e discutidos sobre o futuro da sociedade e do planeta se não agirmos em prol de uma vida mais sustentável.

sustentabilidade

E a pergunta que se coloca é, qual o papel da educação nesse debate? Como a educação pode contribuir? E a resposta está no fato de que para mudar o mundo é preciso mudar primeiro as pessoas e isso se faz através da educação, formando cidadão críticos e conscientes, que criem estilos de vida mais sustentáveis, pra que essas mudanças gerem transformações no sistema em que vivemos para finalmente sermos capazes de mudar o mundo.

Temos sido muito eficientes na jornada do desenvolvimento tecnológico, mas temos sido mal sucedidos no que diz respeito à sustentabilidade desse desenvolvimento, ou seja, o tecnozóico caminha enquanto o ecozóico retrocede na mesmo velocidade que as máquinas evoluem, ou seja, a passos largos. É preciso harmonizar essas duas relações.

Para refletir melhor a questão da sustentabilidade, é preciso fazer uma distinção entre sustentabilidade ecológica, que diz respeito aos recursos naturais e ecossistemas, ou seja, a base física do processo de desenvolvimento e a capacidade que a natureza tem ou não de absorver os impactos gerados pela ação humana; e a sustentabilidade cultural, que se refere à manutenção da diversidade e das identidades culturais dos povos, que está relacionada com a qualidade de vida, com a justa distribuição, com o processo de construção da cidadania e com a participação e inclusão de todos no processo de desenvolvimento.

E para que possamos trabalhar a sustentabilidade em toda a amplitude que esse conceito abarca, é mais que necessário que construamos escolas sustentáveis, que valorizem um projeto eco-político-pedagógico, que pra além de uma preocupação com o meio ambiente e com o desenvolvimento sustentável, que é apenas uma parcela do que engloba a noção de sustentabilidade, precisamos de escolas sustentáveis para construirmos sociedades sustentáveis, que sejam mais justas, mais responsáveis ecologicamente e politicamente mais atuantes, que se vejam como parte desse organismo vivo chamado Terra, que assim como a grande parte da sociedade, está sendo oprimida por esse desenvolvimento desenfreado pautado no capital, que tem gerado competitividade, extermínio, esgotamento de recursos e infindáveis guerras.

Sobre isso, é alarmante, chocante o dado da UNESCO que denuncia, que se desviássemos durante 1 única semana os recursos hoje gastos para financiar a manutenção da guerra, esses mesmos recursos seriam suficientes para financiar e sustentar a educação do TODO O PLANETA durante 1 ANO!!!!

Diante disso só me resta dizer e concordar que enquanto mantivermos o paradigma da guerra, não chegaremos a lugar algum, só geraremos mais destruição, até mesmo a nossa própria.

Como afirma Gadotti* lindamente: “A terra nos ensina muitos valores: simplicidade, responsabilidade, decisão, igualdade, biodiversidade, das cores, da etnicidade, de gênero, tudo isso cabe num jardim. O jardim é um microcosmos do universo e nós precisamos fazer do universo o nosso grande educador.”.

 

*Moacir Gadotti é educador brasileiro, professor titular da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo desde 1991 e diretor do Instituto Paulo Freire, em São Paulo. Foi aluno de Piaget e conviveu com Paulo Freire durante 23 anos de sua vida.

 

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